domingo, 13 de maio de 2012

O velho, o idoso, a falta e a alienação

Quando uma sociedade precisa de leis e estatutos para garantir direitos aos idosos é porque os valores de respeito aos mais velhos não existem mais.  Não existe mais o respeito, nem aos novos.  A sociedade afunda e chafurda no "pão e circo" regados com a lógica de mercado, onde o que é velho não presta e o que é novo também não presta por muito tempo.  É preciso trocar logo o "x" para algo mais novo.  Sim, o "x" é uma variável onde você pode encaixar o que quiser, de um celular a uma amizade.  São os tempos do vale-tudo, onde o outro não importa, mas apenas a satisfação imediata de algum desejo.  Não há futuro, portanto quem tem menos idade, não se preocupa com o tempo em que ficará velho.   Tudo deve ser consumido agora e o depois não existe, mesmo com exemplos dentro de casa.  Aliás, muitas vezes esses exemplo, que são nossos pais e parentes idosos, só reforçam o "fracasso" que eles são.  Nós, nunca.


E assim, com a perversa e cruel lógica de mercado, tudo pode quando for com os outros.  Respeito aparece quando a atitude ou a falta dela pode trazer prejuízo ou lucro.  Sim, o discurso da sociedade atual não chega nem a ser hipócrita, pois a grande maioria não vê a diferença e a hipocrisia precisa de uma grande parte de realidade consciente.  A sociedade fala a língua dos alienados, que não se percebem assim e nem percebem a sutileza e a fluidez da alienação.  Ela está aí e aqui, como o ar que respiramos e não vemos, mas que nos é fundamental.  A corrida contra o tempo nos faz mais ansiosos e preocupados em fazer coisas, muitas vezes, inúteis.  Mas não se perca, qualquer coisa que fazemos está colaborando com a sanha capitalista, que lhe orienta a comprar e comprar e comprar sem se preocupar com o dia de amanhã.  É tudo hoje!  E tudo agora!  É tudo efêmero!  Se não der agora não dá nunca mais...   É preciso ir agora ou a promoção acaba.  É preciso ir assistir tal coisa agora, porque amanhã não tem mais.


E assim caminha a humanidade...  na busca do que lhe falta, na busca de algo que lhe dê um significado.  Enquanto isso, o trator consumista vem com seu megafone anunciando algo imperdível e desviando a atenção.

Ficamos idosos, velhos nunca.

Mano Jone