sábado, 25 de dezembro de 2010

Felicidade

O Natal me traz muitas recordações.  Lembro de meus pais, meu irmão, da montagem da árvore cheia de enfeites com formatos diferentes, luzinhas coloridas e toda magia envolvida.  Presentes e a família reunida na véspera e no almoço do dia do Natal.  Conversas, música, risos, alegria e um clima inexplicavelmente ótimo.  Era muito bom mesmo.

O mais importante de tudo é que havia o sentimento gostoso de estarmos juntos compartilhando momentos únicos, aquela emoção tão esperada o ano inteiro.  Quanta saudade...  Eu era tão feliz.

Mano Jone

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O capitalismo, o sono, a ignorância e a falta de educação.

É impressionante como algumas pessoas se incomodam ao saber que o outro está dormindo. Esse outro pode ser qualquer um.  Os incomodados têm perfis variados, mas todos são vítimas e disseminadores da ideologia capitalista.  Esses verdadeiros guardiães da vigília eterna são os mesmos que sempre ouviram que “o trabalho dignifica o homem”, “Deus ajuda quem cedo madruga” ou outras baboseiras para que as pessoas trabalhem mais e gerem mais lucro.  O tempo de descanso para o capitalismo seria de, no máximo, oito horas e no local de trabalho, pois sabe como é, pode ser necessária alguma coisa de madrugada e o guerreiro já está lá.  Na maioria são pessoas que acordam cedo e só. Administram mal seu tempo durante o dia, chegam a se arrastar no trabalho ou qualquer outra atividade, mas estão acordadas.  Há lugares onde o sujeito é mau caráter, bate na mulher, é grosseiro, mulherengo, mas uma voz diz “Ele é tudo isso, mas é trabalhador”.  Palavra mágica que cala a todos e transforma o “coisa-ruim” num cidadão respeitável.  Pense na situação: você está em casa e alguém aparece ou telefona e desfere sem cerimônia ou educação a pergunta: “você estava dormindo?”  A resposta é quase sempre um não.  As pessoas dormem escondidas como se fosse um vício repugnante.  Como fumar escondido no banheiro.  As pessoas mentem que estão acordadas, dizem que já fizeram um monte de coisas e ainda são oito da manhã.  A pessoa diz tudo isso porque não quer ser taxado de dorminhoco e, na sequência, de vagabundo, relapso, irresponsável.  Dormir pode sim, mas das dez da noite até as cinco ou seis da manhã.  Os vigilantes do sono dão um desconto de uma ou duas horas se for um domingo ou feriado, afinal a pessoa trabalhou muito.  E é isso aí: vive-se para trabalhar quando o certo deveria ser trabalhar para viver.  Gente chata e ignorante, pois não percebe que foram bitoladas e alienadas na ideologia capitalista mais básica.  Longe de mim fazer apologia à vadiagem, até porque não tem nada a ver uma coisa com outra, mas há relógios biológicos diferentes e o mais importante de tudo: ninguém tem nada a ver com o que o outro faz de sua vida.  Um vigilante do sono normalmente tem necessidade de rotular alguém como dorminhoco ou coisa parecida, pois precisa mostrar ao mundo que ele sim está sempre alerta (tal um escoteiro).  Precisam gritar para o mundo que andam o dia inteiro fazendo coisas.  Observe um ser desses.  Podem até fazer muitas coisas, mas nem sempre certas e nem sempre da melhor forma.  Eles têm pavor do julgamento do outro.  Já vi caso em que antes até de o sujeito falar bom dia, já solta a crítica: “você estava dormindo até esta hora?”.  É invasivo.  É falta de educação.  É ignorância.  É insegurança.  É a necessidade de rotular a si próprio, através da rotulagem do outro.  É uma chatice.

O mundo avançaria muito se cada um cuidasse da própria vida.  Infelizmente, muitas pessoas não conseguem ver seus defeitos e, portanto, não precisam se melhorar.  Para isso basta apontar algo que considera errado no outro, afinal o bom só existe quando comparado ao ruim; o honesto ao desonesto e assim por diante até chegar ao que exerce seu livre direito de dormir e o ignorante que precisa ser reconhecido como alguém que “faz”.


Xô gente chata e inconveniente!  E como diria a Colombina: “Pierrô cacete, vai tomar sorvete com o Arlequim”.   Entendeu, né?


 
Mano Jone

domingo, 5 de dezembro de 2010

Nego Bom e Bel

Aquele ruído era conhecido por todos. Era Nego Bom descendo a ladeira do Barbalho com sua moto. Rapaz de seus vinte e poucos anos, alto, com uma barriga tanquinho adquirida na adolescência carregando botijão de gás nas costas para fazer um troco. Nego Bom era conhecido da Ponta de Humaitá até Itapuã como fera na moto. Nome de batismo: Bonifácio Charles da Silva. Ele não fazia o tipo pegueteiro, mas tava sempre na área e se derrubar... já sabe.

Nego Bom não largava sua arabaca toda armengada. Todo mundo sabia que ele perderia um amigo, uma mulher ou até mesmo a mãe para salvar aquela moto. Aliás, ela foi comprada com muito trabalho na própria oficina onde ele trabalhava como mecânico de motos.

Nego Bom estava ficando com Bel, uma galeguinha bonita, tipo mulher-gata mesmo. A relação dos dois era meio vai-não-vai e sem saber para onde vai. Quando Bel apertava a mente de Nego Bom para ele se definir, o sacrista tirava de tempo e partia para um interminável jogo de sedução. Esse rolo vinha se arrastando há tempos e Bel já estava meio agoniada. Os dois se curtiam, mas nada oficial.

Nego Bom era chegado numa sinuquinha onde ia derrubar umas bolinhas, bebendo uma breja ou água-dura com os colegas. Bebendo, porque “baiano não toma”, como ele dizia. Isso acontecia toda semana num moquifo perto do Mercado Modelo. O ambiente era típico do barzinho de bilhar: uma mesa de “sinúquer” tipo mata-mata com o pano gasto e com um rasgo na ponta, os tacos tortos, a TV ligada no Baêa, um ou ouro maluco passando um “tóchico”, os dois bêbados de sempre e algumas piriguetes na área. Sempre rolava uma apostinha básica entre os colegas. Quem perdia pagava a breja e coisas tipo isso, até porque a grana era regrada. Além do mais, Nego Bom era bom no jogo e sempre tirava uma onda da galera. Lá pelas tantas, um colega que havia perdido várias partidas, estava a fim de aliviar o prejú. Lançou o desafio para Nego Bom:

- Aê, mermão! ‘Bora um tudo ou nada?
- Colé de mermo?
- Assim ó: se eu ganhá fico com tudo. Se tu ganhá, pago em dobro.
- Cole, véi! Que onda... Vou nessa não. Ainda se tu botasse a gata na parada...
- Demorô, véi. Essa piri já tá gasta.

Como era de se esperar, Nego Bom deu de lavada no colega. Mas tudo de boa. Não tinha essa de cara feia e pau viola. Todo mundo fica ali ouvindo o pagode junto misturado com a TV, sentado, bebendo uma e, agora, Nego Bom com a piri no colo, quase rolando um lance básico. Mas mulher é brincadeira? Umazinha que andava de butuca em Nego Bom, mandou um torpedo para Bel botando a maior pilha:

“Teu Nego Bom tá todo tirado co a vagaba, tirando onda e as porra no bazinho do Bira”

Não deu outra: Bel desceu para a sinuca, chegou na cocó e viu a cena toda. Mas segurou a onda. Ficou na dela. Nego Bom se ligou, tirou a piri do colo e foi falar com Bel:

- E aê, minha linda?
- Me deixe, seu descarado.
- Oxi?! Descarado o que, rapaz?
- Porra, chamei você pra ir ali comigo e você não quis para ficar na descaração com essa aí, né?
-Ói, não rolou nada com a piri.
- Colé mermo Nego Bom e besta, quer me comediar é? Eu vi a parada.
- Viu o que rapaz? Viu o quê? Ai, ai... Viu o quê? Os colega zuando? Ai, ai...
- Ói, me deixe vu! Se saia!

A conversa acabou aí, porque Bel foi embora como se diz: “virada na porra”. Mas ela tava mais decepcionada do que brava. No fundo ela gostava mesmo de Nego Bom. Ela estava a fim de ficar com ele, de namorar sério. Os dois sabiam disso, mas ninguém chegava com esse papo. Faltava iniciativa. Faltava coragem... Esse rolo entre Bel e Nego Bom não desempatava. Ele passava fazendo zuada com a moto e ela virava a cara. Ele ria, tipo “tô de boa”.

Bel estava a fim de se valorizar mais, de despertar algo mais em Nego Bom para ver se ele se decidia. Ela ainda não tinha digerido a história da piriguete na sinuca. Passados alguns dias, Bel soube que ia ter um pega na Avenida Contorno. Soube, ainda, que Nego Bom ia lá se amostrar tirando onda com sua moto e sua habilidade em pilotar. Bel logo se interessou em participar desse racha, mas dando uma lição em Nego Bom só para ele baixar o topete. Não deu outra, Bel foi falar com Carlinhos Buiú, que sempre foi a fim dela, para propor um desafio:

- Buiú, quero escaldar Nego Bom.
- Oxi! Qual foi? Você da mole pro cara que eu sei.
- Oxi! Feche a cara! Eu sou piriguete é? Sim, e aí? Vai ou não vai?
- Adianta o lado.
-Niuma. No pega de sábado oito horas, você vai correr também e ganhar do cara.
- Rapaz, o cara é bom. Ele apavora. Posso até ir, mas ganho o quê?
- Tu parece nó cego, véi. Tu vai ganhá dele. Vai virar o cara.
- Até parece... Ói o esparro... Se ligue: se eu ganhá a gente fica. Já é ou já era?
- Já é.
- Ta rebocado! Eu vou ganhar véi.

Buiú mandou recado para Nego Bom, que não desconfiou de nada. Os dois tiveram uma semana para preparar suas motos, afinal aquilo seria um grande evento. Chegado o sábado à noite, alta madrugada, depois de vários pegas entre os malucos, a galera do mal estava esperando o grande show. Era Nego Bom contra Buiú. A pista ia do Solar do Unhão até o Elevador, uns trezentos metros de muito perigo. Coisa pra macho. Motores roncando fazendo muita zuada, área liberada, as duas motos perfiladas e alguém deu o sinal da partida. Os dois motoqueiros abriram o gás, sem medo de nada, arrepiando mesmo. Como era de se esperar, Nego Bom levou a melhor. Levou o pega e continuou com a fama de “bolo doido”. Bel se picou injuriada com uma ponta de raiva e de orgulho tudo misturado. Ela não contou conversa e foi tirar satisfação com Carlinhos Buiú:

- Porra, véi, você é fraco mermo né? Deu caruara, foi?!
- Qual foi? Tá maluca é?
- Num to cumeno seu reggae.
- Se saia,vá! Se ligue vu?!
- Bufa-fria!

Carlinhos Buiú ficou injuriado com essa conversa.

No domingo, para comemorar a zorra, rolou um reggae com banda e cerveja. As colegas chamaram Bel que disse que ia, mas a pulso. Ela sabia que Nego Bom ia estar lá e queria ver a cara do miserável. Nego Bom, ligado na parada, fez questão de ir ao pagodão para tirar onda de herói. Muita música, muita cerveja, muita gente, azaração e pegação rolando. Tudo certo, menos para Bel que só ficava ligada no amado e com raiva ao mesmo tempo. Daqui a pouco, Bel foi pegar uma cerveja e deu de cara com Nego Bom:

- E aê gata. Quis me comediar... Tá veno?! Se campou...
- Ta falando de quê, metidão?
- Agora... Você ficou de treta com Buiú, que eu tô sabeno.
- Você se acha mesmo, né, véi? O reizinho da moto.
- Cole véi?! Você foi na trairagem pra armar pra cima de mim. Precisava, véi? Precisava?
- Baixe a voz que eu to conversano.
- Que conversano? Que conversano? Tu quer me tirar, véi. Maior traíra.
- Se oriente, maluco. Você já era para mim. A fila andou otário.

No meio dessa discussão, Nego Bom segurava Bel pelo braço para ela não ir embora, enquanto a conversa ficava cada vez mais agressiva. Bel continuava dizendo:

- Seu negócio é essa piriguete aê, que você ganhou na porra da sinuca. Tu gosta da nigrinhagem.
- Se liga, nem encostei nela.
- Ainda por cima é cara-de-pau véi.
- E você? E você? Se acha a mulher muito bonita, né? Canhão desse... Sai daí tribufu.
- Me respeite vagabundo. Tem um bucado de gente que não acha. Faz fila vu.

Já tava arrodeado de gente vendo a baixaria, quando Buiú saiu do nada e pulou na frente de Nego Bom com uma faca na mão. A roda abriu. Era briga de capoeira. A zuada parou na hora. Não se ouviu mais nada. E ali, no meio da festa, se viu meia-lua de costas, arpão, martelo, escorão, queixada, rabo-de-arraia. Mas foi numa guela que Buiú vacilou e perdeu a faca. Como o jogo era a vida, de cabeça quente, Nego Bom meteu-la porra em Buiú, que se estabacou no chão dando o ultimo grito de dor. Nego Bom se estatelou do outro lado, cansado, com adrenalina saindo pelos poros e a respiração ofegante. A galera vazou geral. Bel, diante daquela cena, num misto de ódio e desgosto, pegou a faca de Buiú e enterrou na barriga de Nego Bom. Foram cinquenta e duas facadas acompanhadas de muito choro. E como disse a música: “zum-zum-zum, zum-zum-zum, capoeira mata um”. Um final trágico de uma história que nem tinha começado direito.



Sergio Manzione


Esta adaptação feita por Sergio Manzione foi baseada no episódio “Negro Bonifácio” da série “Cena Aberta”, adaptação do conto de João Simões Lopes Neto, roteiro de Jorge Furtado e Guel Arraes, versão 13/08/2003, produção da Casa do Cinema de Porto Alegre para a TV Globo e está disponível em: http://www.casacinepoa.com.br/os-filmes/roteiros/negro-bonif%C3%A1cio

A Excêntrica Família de Antonia

A tradução do título por si só já é um exercício de simbolismo. No original o filme chama-se apenas “Antonia”. Ao atribuir excentricidade àquela família se faz um pré-julgamento sem considerar a cultura na qual está inserida a história. Particularmente, não considero a família de Antonia excêntrica, quando devidamente contextualizada.

No filme em si, Antonia volta para casa, após vinte anos de afastamento, para estar presente ao derradeiro dia de sua mãe. Traz consigo sua filha e assistem a morte de uma forma, que para outros, pode parecer extremamente distante e sem emoção. Tanto que Antonia e a filha ficam em pé sem sequer chegar perto da mulher-mãe-avó que deita e morre. Seria esse um quadro de total desprezo pela emoção? Ou seria da completa aceitação do ciclo inevitável da vida? Da certeza de que as pessoas não morrem, mas estão sempre presentes, seja na memória de seus parentes, seja nas ações que se refletem na sociedade. O filme retrata isso quando Antonia – ela agora – se prepara para a morte. Num almoço, ela dança sua última dança e vê os que já se foram. Os mortos continuam vivos numa metáfora que remete à realidade. Metáfora essa que se estende ainda mais quando a bisneta também vê os mortos. Sinal de que a cultura daquela sociedade foi internalizada pela criança. O filme mostra muito mais. São cinco gerações de mulheres que, com suas características próprias, vão conduzindo um núcleo familiar cada vez maior. A generosidade de Antonia permite e agrega o vizinho viúvo, que quer casar com ela, e seus cinco filhos, que ajudam nas coisas da lida pela sobrevivência, mas participam dos momentos alegres e tristes. São ainda retratadas várias situações que ocorrem em qualquer sociedade, mas neste microssistema ocorrem ao mesmo tempo. O padre pedófilo, o homem que estupra a própria irmã, o “deficiente mental”, a mulher que uiva para a Lua, o estudioso de Schopenhauer e Nietzsche.

O sexo é um dos fios condutores de todas as relações existentes naquela sociedade. O incesto é tabu e foi punido inclusive com a morte do estuprador da irmã pelo outro irmão dos dois. Todos sabem que necessitam de relações sexuais e isso é aceito de uma forma muito natural e respeitosa. Não há vulgaridade, mas prazer nos encontros. Isso se dá com Antonia, que cede ao assédio contido do vizinho viúvo. Ela é liberta e não quer um casamento em que tenha de compartilhar do mesmo teto, mas compartilhar do sexo, das refeições e do convívio. O sexo existe também entre o casal formado pela mulher que era estuprada pelo irmão e o homem deficiente mental. Ambos já haviam sido acolhidos por Antonia. A filha de Antonia decide ter um filho, mas não quer um marido, não quer um homem ao seu lado. Isso não causa estranheza e Antonia ajuda nesse processo de escolha de um “reprodutor”, irmão de outra personagem que tem vários filhos e gosta da vida dos prazeres sexuais. Ela é acolhida por Antonia e acaba por se casar com o padre que larga a batina, pois precisa viver uma vida que inclua o sexo. O outro padre também é desmascarado e pego em flagrante com uma jovem no confessionário. Esse mesmo padre tentava impor um discurso moralizador em seu sermão, justamente sobre o ato da filha de Antonia querer ser mãe solteira. A hipocrisia da Igreja.

O componente sexo está presente na metáfora da mulher que uiva para a Lua e anuncia sua histeria por falta de sexo. No andar de baixo dessa mulher mora um “protestante”, que suporta esses uivos, mas é o único presente quando a mulher morre, ambos privados de uma vida sexual. Desse contexto todo explanado no filme, pode-se tentar entender o exercício da tolerância tão comum na Holanda, que talvez seja um dos países mais tolerantes quanto a todas as diferenças. Parece que três componentes são fundamentais nesse processo de desenvolvimento da tolerância: (1) a vida sexual ativa e livre, (2) o respeito ao ser humano como indivíduo e (3) o rechaçamento a tudo que vier a quebrar os dois primeiros.

Não podemos analisar a família apartada da cultura na qual está inserida e esse é o pensamento de Lèvi-Strauss. Para ele, a família consanguínea, precisa se desfazer para que a sociedade exista, ao mesmo tempo em que a sociedade é condição da existência da família. São grupos de pessoas (famílias) dispostos a reconhecer seus limites e a se abrir ao outro através de alianças. Isso é visto no filme, onde o núcleo de Antonia se expande agregando pessoas diferentes e que vão ampliando a família. Essa concepção de Lèvi-Strauss se diferencia da perspectiva funcionalista que vê na família apenas uma unidade biológica com pai, mãe e filhos, na visão de Malinowski e, também, na vertente estrutural de Radcliffe-Brown. Para Lèvi-Strauss a família funda o social, sim, mas não nos termos funcionais da biologia humana, mas, ao contrário, porque na existência da família, como aliança, está a possibilidade do ser humano se fazer social, comunicando-se, rompendo e ampliando o isolamento a que nos condena a consanguinidade.


Sergio Manzione